
Apesar de estar avançando rapidamente em outros países, o 5G, no Brasil, ainda não segue o mesmo ritmo. Parte deste problema, que está atrasando o lançamento da tecnologia, é a pandemia de coronavírus. Desde que os números de casos da doença aumentaram na China, e sistemas de lockdown foram impostos à população em geral, a fabricação de alguns componentes fundamentais para seguir com a instalação da quinta geração de redes móveis foi totalmente prejudicada.
Mas, há ainda um outro fator extremamente importante para o atraso dessa implantação: a TV aberta. Esse serviço, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), é difundido para cerca de 17 milhões de casas por meio de antenas parabólicas e sinais emitidos pelos satélites da Embratel/Claro. Essa é, muitas vezes, a única maneira de alcançar zonas rurais ou afastadas dos grandes centros. E é justamente nesse ponto que está o problema.
Esses satélites de difusão operam nas faixas de frequências de 3.625 MHz a 4200 MHz e de 3.700 MHz a 4.200 MHz, as chamadas Banda C estendida e padrão, exatamente as mesmas que serão utilizadas pelo 5G. Para evitar que haja interferências no sinal das emissoras, foi estabelecido no edital do 5G que essas faixas deveriam ser desocupadas, e a TV aberta passasse a operar pela chamada Banda Ku, tipicamente nas frequências de 11 a 14 GHz.
Porém, isso demanda uma adaptação nas antenas receptoras de cada residência, além de um aparelho específico para auxiliar a recepção do sinal. Mas os elementos que possibilitam essa mudança vêm da China. Logo, novamente, o lockdown no paísimpacta os prazos para adaptação por aqui. A data inicial para o lançamento do 5G era no julho deste ano, no entanto, com todos esses embargos, passou para 29 de setembro. E há risco de ser adiada novamente, caso nada disso se resolva ou pouco seja feito para contornar a situação.
Mas, enquanto esses impasses não se dissolvem, o fato é que a tecnologia, assim que estiver em funcionamento, será altamente disruptiva. “Apenas pelas diferentes aplicações e possibilidades que o 5G permite, ele será uma verdadeira revolução na forma de comunicação dos dados. A rede é a estrada para as principais transformações que estão acontecendo como IoT, Big Data, Analytics, entre outras, porque permitirá, de fato, a transmissão de informações com baixa latência e na largura de banda necessária”, explica o CEO da Megatelecom, Carlos Eduardo Sedeh.